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USP lança teste rápido de covid-19 pela saliva nesta terça-feira

O próprio paciente recolhe a saliva em um tubo de ensaio no sistema de autocoleta.

Universidade de São Paulo lança nesta terça-feira (1) um teste rápido que identifica o novo coronavírus pela saliva.

Criado pelo Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco do Instituto de Biociências, em parceria com o Instituto de Química, o teste RT-Lamp detecta casos de Covid-19 em até 24 horas.

Na fase inicial, ele estará disponível apenas na capital paulista para 90 pessoas por dia, entre atendimentos presenciais e remotos.

O teste simplifica o método de coleta e análise. É possível até solicitar o kit de coleta para fazer o exame em casa.

O próprio paciente recolhe a saliva em um tubo de ensaio no sistema de autocoleta. Os resultados são enviados por e-mail. Indolor e não invasivo, o teste dispensa o uso de swabs, aquela espécie de cotonete que recolhe amostras de nasofaringe.

Isso também significa menor risco de infecção, pois não há necessidade da atuação de um profissional de saúde.

Tão preciso e sensível quanto o RT-PCR, referência na detecção de casos ativos do novo coronavírus, o teste pela saliva é mais barato. A coleta presencial custa R$ 90 enquanto o PCR oscila entre R$ 350 e R$ 400.

A pesquisadora Maria Rita Passos-Bueno explica que a redução de custos se deve ao fato de o teste da saliva não precisar extrair o ácido nucleico das amostras. Isso requer reagentes importados e caros.

Esse ácido, também conhecido como RNA, é um composto “primo” do DNA. Resumindo: os processos são mais simples no teste da saliva.

Um dos grandes desafios dos pesquisadores foi padronizar o teste, ou seja, criar soluções químicas que mantivessem o coronavírus estável, sem sofrer a ação das inúmeras enzimas presentes na saliva.

Foram realizados mais de mil testes em 25 funcionários do Instituto de Química e 30 pessoas relacionadas ao Instituto de Biociências.

“Com o teste RT-Lamp, a população poderá contar com uma opção mais acessível, segura e rápida de testagem”, explica a coordenadora do projeto.

O teste da saliva e o PCR são diferentes dos chamados “testes rápidos”, aqueles que pretendem detectar anticorpos contra o novo coronavírus em cerca de 20 minutos e são normalmente vendidos nas farmácias. Eles não servem para diagnosticar a Covid-19 nem para definir casos assintomáticos.

Eles identificam apenas se a pessoa possui anticorpos sem definir em que momento ela foi infectada. Além disso, nem todos os testes rápidos foram avaliados tecnicamente, o que pode contribuir para o aumento dos chamados falso negativos ou positivos.

Os pesquisadores alertam que as cargas do novo coronavírus são maiores do 2º ao 7º dia após o contágio, o que aumenta o risco de transmissão. Isso reforça a necessidade de realização de testes logo após a possível contaminação, assim que os primeiros sintomas forem percebidos.

O projeto de pesquisa do teste da saliva conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp) e da JBS, empresa do ramo alimentício que destinou R$ 50 milhões para 38 pesquisas científicas de enfrentamento ao coronavírus.

Os pesquisadores agora buscam mais investimentos para ampliar a capacidade de testagem. O número de atendimentos por dia, por exemplo, pode aumentar.

Além disso, o objetivo é oferecer o teste em localidades com pouca infraestrutura para coleta e análise, incluindo os laboratórios de referência das universidades.

“No momento atual é necessário um teste direto ao consumidor, de acesso fácil, custo acessível e que permita a testagem a fim de identificar pessoas infectadas. Qualquer teste deve apresentar uma boa sensibilidade para detectar altos níveis de cargas virais, que conferem maior risco de contágio. Esta estratégia é fundamental para detecção de assintomáticos e diminuição do risco de contágio”, opina a pesquisadora.

Foto: Divulgação

Com informações da R7.

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