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Analista do TJAM lança livro falando sobre a prática do tráfico de drogas em Manaus

A obra foi baseada em processos da 3ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes de Manaus
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Manaus – O servidor do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) Miguel Jaime dos Santos Agra, elaborou o livro intitulado ‘O Tráfico em Manaus’ abordando sobre os resultados de uma pesquisa que procurou traçar o contexto da prática do tráfico “varejista” de drogas, através da análise de diversas variáveis, a partir de processos da 3ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes da Comarca de Manaus (3.ª Vecute). Pelo levantamento, entre outros dados, dos 271 réus entrevistados, 70,15% foram presos com cocaína e 22,89% estavam tanto com cocaína quanto com maconha e 49% eram reincidentes pelo mesmo crime.

A obra foi lançada lançado no dia 9 de julho, em Manaus, na Livraria Capital, localizada na Avenida Paraíba, n.º 731, Adrianópolis, Zona Centro-Sul da capital.

Segundo Miguel, “o tráfico de drogas em Manaus é marcado pelo comércio ilegal de cocaína e maconha” e o contexto da prática do tráfico “depende da conjugação de uma variedade de circunstâncias e condições sociais”. “Para cada espécie de droga, há um padrão diferente, o que pode mudar quando relacionado às variáveis socioeconômicas, a exemplo da escolaridade; idade; gênero; local do crime; renda familiar; entre outras”, explicou Miguel Agra.

Miguel registra, ainda, que “essa intrigante dinâmica social é analisada e compreendida à luz de uma visão crítica do processo de criminalização, considerando, inclusive, as violências institucionais a partir de pesquisa de campo em que foram entrevistados 271 acusados, no período de maio de 2012 a janeiro de 2013, durante a realização de audiências de instrução e julgamento perante o Juízo da 3.ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes da Comarca de Manaus”.

Foto: Arquivo pessoal

A obra, publicada pela Editora Spessotto, revela outros dados interessantes. No quesito “Escolaridade”, 84% dos réus não possuíam o nível médio completo, enquanto 56,83% não tinham o ensino fundamental completo, o que demonstra, segundo o autor, forte relação entre a educação e a criminalidade.

“A ideia da pesquisa era verificar se a tese da criminologia crítica, que estuda os fenômenos da criminalidade, não apenas considerando o agente criminoso, mas todo um contexto institucional, poderia ser aplicada em âmbito local. Levantar as variáveis socioeconômicas através dessas entrevistas com os réus, nos possibilitou realizar o cruzamento dessas informações”, ressaltou Miguel Agra.

Durante a pesquisa, foram levantadas, outrossim, informações relacionadas ao réu e ao processo, como unidade de custódia; reincidência pelo mesmo crime ou por crimes diferentes; zona da cidade que ocorreu o crime; período do dia; grau de instrução de cada acusado, entre outras variáveis socioeconômicas.

Dados

O estudo mostrou também que 80% dos presos eram do sexo masculino. Em relação à região da cidade onde o crime foi cometido, três das sete zonas urbanas de Manaus revelam números expressivos: em 32,84% dos casos julgados na 3.ª Vecute os crimes foram cometidos na região Norte da capital; 28,41% na região Sul; e 21,40% na região Leste.

A zona de moradia do réu também revelou forte proximidade com o lugar em que ocorreu o crime – sendo 33,95% na zona Norte; 23,62% na zona Sul; e 22,51% moravam na zona Leste, evidenciando que o réu, na maioria das vezes, foi preso na região onde residia na ocasião do crime.

Outro dado revelador foi apontado pela análise do período do dia de ocorrência dos crimes, sendo o maior índice registrado à tarde, com 43,28%.

Diante desse contexto fático, “a análise dos dados apresentou informações significativas a ponto de se constatar a aplicabilidade da própria dogmática da criminologia crítica. É aquilo que já sabemos como constatação; como conhecimento popular, porém o que não se sabe, ao certo, é como proceder de forma efetiva. Então, a pesquisa oferece uma contribuição importante para a elaboração de políticas de combate à criminalidade de forma mais precisa, além de fornecer substratos objetivando uma atuação eficiente de ressocialização de presos”, frisou Miguel.

O autor

Ocupando atualmente o cargo de analista judiciário do Tribunal de Justiça do Amazonas, Miguel Jaime dos Santos Agra é graduado em Direito pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam); possui especialização em Direito Processual Penal pela União de Faculdades de Alagoas; bem como mestrado em Segurança Pública, Cidadania e Direitos Humanos pela Ufam.

Com informações da Assessoria
Foto: Jéssica Rebello/TJAM

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