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Assassino de mulher trans tem tatuagem nas costas; PM se recusa a mostrar costas em depoimento

Para delegado que investiga o caso, comportamento do policial militar gera desconfiança e faz com que ele seja visto como principal suspeito do assassinato

Manaus – A polícia investiga o homicídio da mulher trans Manuela Otto, de 25 anos, ocorrido no último sábado (13). Para o delegado Charles Araújo, da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), o cabo Jeremias da Costa Silva, de 27 anos, lotado na 12ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), da Polícia Militar do Amazonas, adota um comportamento que faz dele o principal suspeito de ser o autor do assassinato.

Conforme o delegado, o homem que aparece nas imagens do circuito interno de câmeras de segurança do motel, onde a mulher trans foi assassinada, tentando sair do lugar sem autorização, possui uma tatuagem nas costas que é a peça-chave da investigação. No entanto, durante depoimento, o cabo Jeremias permaneceu calado e se recusou a mostrar imagens do próprio corpo.

“O que a gente pode dizer é que seria muito fácil, já que ele não teria nenhuma participação, fornecesse esse tipo de prova para gente. Essa não autorização é o que nos leva a termos a desconfiança e apontarmos ele como principal suspeito do assassinato”, explica o delegado.

O cabo se apresentou na delegacia, para esclarecimentos, na noite de domingo (14), horas após o período de prisão em flagrante, que é de 24 horas após o crime – que ocorreu na madrugada de sexta (12) para sábado (13) dentro de um motel na avenida Samaúma, no bairro Monte das Oliveiras, Zona Norte de Manaus. Na ocasião da apresentação, Jeremias permaneceu calado o tempo todo e estava acompanhado de um advogado.

O crime

Manuela foi encontrada nua, no chão do quarto do motel. Ela foi assassinada com dois tiros, sendo um no braço esquerdo e outro nas costas, esse último atravessando o tórax.

O principal suspeito do crime, ainda não identificado pela polícia, deixa o local em um carro modelo Prisma, de cor branca e placas PHJ-1418. O carro pertence ao cabo Jeremias da Costa Silva.

Mãe espera por Justiça

Dois dias após o assassinato de Manuela, a mãe Hilma Silva relembra com carinho, no quarto da filha, momentos em que estiveram juntas, desde quando Manuela ainda respondia pelo nome de Otto de Souza Rodrigues. Em um mural de fotos em casa, Hilma mostrou imagens da filha em eventos escolares e a trabalho e também detalhes dos objetos mantidos ali, como ursos de pelúcia. Na ocasião, ele falou sobre a relação de mãe e filha.

“Fomos confidentes. Hoje essa perda é muito difícil para mim. Sempre tive medo que acontecesse isso com ela. Falava, brigava com ela, para ter mais cuidado com ela. Acredito na Justiça, e eu sei que ela [Justiça dos Homens] é falha, mas a de Deus não falha”, desabafa a mãe.

‘Nós por nós’

A ativista LGBTQIA+ Bruna La Close usou as redes sociais para expressar sua indignação com a morte de mais uma mulher trans em Manaus e também para cobrar a prisão do autor do crime.

“Manuella Otto mais uma de nós, assassinada com um tiro nas costas. Será que veremos solução? Seremos novamente apenas estatística, só mais uma notícia para encher linguiça nos meios de comunicação? É nessas horas que a união da nossa comunidade faz toda diferença para juntos buscamos melhorias de dignidade pelo direito de viver. É NÓS POR NÓS!”, pontuou Bruna.

Bruna fez questão de cobrar alguns órgãos. “Aguardamos as comissões de direitos humanos, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Defensoria Pública do Amazonas (DPE), Câmara Municipal de Manaus (CMM) e Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM) para que tomem medidas e que o assassino seja punido. Não queremos omissões! PRECISAMOS DE RESPOSTA! PRECISAMOS DE JUSTIÇA!!”.

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