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Cientistas querem criar mapa 3D da Terra antes que o Homem a destrua

Dois pesquisadores decidiram criar um mapa 3D de alta resolução do mundo inteiro, o mais rápido possível. O motivo? É que, devido às mudanças climáticas causadas pelo Homem, o planeta está mudando cada vez mais rápido. Com isso, florestas queimam, geleiras derretem e vestígios de culturas antigas desaparecem, todos os dias.

Quanto mais esse efeito devastador afeta as características e registros da Terra, mais rápido os cientistas perdem materiais de pesquisas importantes, que poderiam nos revelar mais sobre o passado do planeta, das civilizações extintas, e outros mistérios ainda não desvendados.

Para tentar guardar algum registro, o arqueólogo Chris Fisher e o geógrafo Steve Leisz, ambos da Colorado State University, criaram um projeto sem fins lucrativos chamado The Earth Archive. A proposta é usar lasers para criar um mapa 3D de alta resolução do mundo inteiro, em seu estado atual. “A crise climática ameaça destruir nosso patrimônio cultural e ecológico em décadas”, disse Fisher no início deste ano, em uma palestra no TEDx. “Como podemos documentar tudo antes que seja tarde demais?”

A resposta, de acordo com Fisher, é um método chamado lidar, que realiza a varredura de uma paisagem usando aeronaves para cobrir a área com uma densa rede de raios laser. A partir desse bombardeio de luz, os pesquisadores podem criar os mapas 3D de alta resolução e depois editá-los digitalmente. Por exemplo, eles poderiam remover folhagens e outros objetos para revelar coisas difíceis de se detectar na superfície da Terra.

Em 2018, arqueólogos varreram parte de uma floresta na Guatemala com raios laser para revelar vestígios de uma metrópole antiga (Imagem: Luke Auld-Thomas and Marcello A. Canuto)

Essa técnica já é utilizada na arqueologia, e se tornou mais proeminente em pesquisas nessa área na última década. Ela ajudou os pesquisadores a descobrirem cidades perdidas em lugares cobertos por folhas de árvores na África e América do Su, por exemplo, e também ajudou a revelar estradas soterradas da Roma antiga, além de paisagens urbanas perdidas no Camboja. Em 2007, o próprio Fisher fez parte de uma equipe que usava o lidar para descobrir vestígios de uma metrópole perdida na floresta tropical hondurenha.

Usando essa tecnologia, o The Earth Arquive pretende fazer a varredura de toda a área terrestre do planeta — ou seja, cerca de 29% da superfície, já que o restante são oceanos. A equipe começaria o trabalho nas regiões mais ameaçadas, como a floresta amazônica e regiões costeiras que correm o risco de desaparecer com o aumento do nível do mar. O projeto provavelmente levaria décadas para ser concluído e exigiria muito financiamento — cerca de US$ 10 milhões — apenas para começar na Amazônia. Mas o resultado, na visão de Ficher, valeria a pena: ele seria “o presente final para as gerações futuras”.

Além da verba, há outros obstáculos a serem superados. Mat Disney, professor do Departamento de Geografia da University College London, disse que esse projeto inevitavelmente afastaria o financiamento de outros projetos de pesquisa. Além disso, obter permissão para pilotar um avião de pesquisa em espaços aéreos restritos seria complexo. “Quem lhes dará permissão para sobrevoar o Brasil? O governo brasileiro que não seria”, disse Disney.

Por Live Science

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