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Eleições 2020: ‘Mulheres sofrem com desajuste social, machismo e pouca prioridade na política’, opinam candidatas

O levantamento sobre direitos políticos das mulheres foi feito pela ONU e o Brasil ficou em 9º lugar entre 11 países da América Latina
Candidatas
Candidatas

Após um levantamento feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela ONU Mulheres, que apontou o Brasil como um dos piores países da América Latina quando o assunto é direitos políticos das mulheres, três candidatas a vereadoras no pleito eleitoral de 2020, em Manaus – delegada Débora Mafra (PSC), Viviane Lima (PSB) e a jornalista Laura Lys (PSC) – comentaram sobre o assunto ao Portal Tucumã.

Entre os países que participaram do levantamento, estão: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Peru e Uruguai. Pela análise dos indicadores, o Brasil atingiu 39,5, acima apenas de Chile e Panamá. Os países que alcançaram os maiores índices foram: México (66,2), Bolívia (64) e Peru (60,1).

Para Débora Mafra, mulheres na política é uma questão de um desajuste social, em que grande parte do público feminino se diz não gostam de política e relembrou Platão, que disse: “não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”.

“Não quero dizer com isso que os homens, por serem do sexo masculino, sejam maus, mas apenas faço um paralelo da afirmação de Platão com a participação das mulheres na política. Poderíamos dizer que não há nada de errado com as mulheres que não gostam de política, simplesmente serão governadas por homens que gostam. E o que há de errado nisso? Não entendo como errado, mas entendo como um desajuste social”, ressaltou.

A candidata do PSC também destacou que não é necessário haver um domínio feminino na política, mas acredita que com o engajamento das mulheres esse cenário poderá ser modificado.

“Não se quer o domínio feminino único, mas ao menos um contrapeso, para que, na hora de desenvolvermos políticas, aquelas que sofrem na própria pele a falta de políticas públicas para mulheres e família possam contribuir com suas participações e experiências. Só se alcançará esse objetivo caso as mulheres passem a participar mais da vida pública, entre elas exercendo cargos políticos, que é de onde saem os verdadeiros comandos para a administração da sociedade. Diante desse cenário, conclamo as mulheres para concorrerem a cargos políticos ou, caso não queiram, que elejam mais mulheres para fazer a balança social justa”, destacou a delegada.

‘Um país machista’

Já Viviane Lima, que já foi secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Seped), disse que temos um país extremamente machista que impede a progressão feminina. Ela citou inclusive a extinção da Secretaria da Mulher, no Amazonas.

“De acordo com dados de pesquisas da ONU, temos muito o que nos preocupar, infelizmente esses dados são alarmantes e nos mostram a realidade do Brasil, um país extremamente machista, que impõe todas as barreiras possíveis para nós mulheres. Embora as mulheres representem quase 52% da população, nós somos somente 13,5% das vereadoras do país e apenas 12% das prefeitas, segundo a extinta SPM (Secretaria de Política para Mulheres). Em Manaus, de 41 vereadores, foram eleitas apenas 4 mulheres. Na Assembleia, de 24 parlamentares, somente 4 são mulheres”, disse Viviane.

Outro destaque feito por Viviane é que as mulheres podem chegar a ocupar lugares de destaques na sociedade brasileira, mas é preciso movimento por parte do público feminino.

“Acredito que possamos ocupar um espaço maior e desta forma, teremos a chance de mudar essa triste e infeliz realidade brasileira, pois buscaremos trazer mais igualdade para todos. É histórico que as mulheres sejam colocadas de lado, mas o que temos visto ao longo dos últimos anos, são cada vez mais mulheres arriscando entrar em um ambiente predominantemente masculino (política) em busca de fazer a diferença. Nós não teremos um país verdadeiramente democrático, enquanto não tivermos equidade entre mulheres e homens, enquanto uma mulher receber menos do que um homem pelo mesmo trabalho. Daí a importância de estarmos na política e lutarmos, o tempo todo, por essas mudanças”, destacou.

Pouca prioridade

Laura Lyz diz que lamenta que os direitos políticos das mulheres ainda seja visto com pouca prioridade, até mesmo no meio feminino, que em muitos casos não votam em nomes de mulheres nas Eleições. “Infelizmente esse é um estudo que constata o que vivemos atualmente em Manaus, na nossa Câmara Municipal, por exemplo, as mulheres são minoria, apenas três”, disse.

Laura disse, ainda, que essa realidade vai ser mudada a longo prazo, mas que o caminho já começou a ser aberto para que as mulheres se insiram neste ambiente. “Me entristece ouvir que muitas vezes mulheres não votam em mulheres, minha gente devemos apoiar e incentivar mulheres sim. Quem não tem uma melhor amiga em que confia? Então por que não confiar em uma mulher para trabalhar a serviço do povo? Eu acredito que esse é um longo caminho, mas já está sendo trilhado com nomes que surgem para disputas políticas. Os partidos começam a ser cobrados e a entender a força da mulher e o papel que desempenham na sociedade. Cabe agora mais incentivo, mais espaço, mais políticas públicas. Precisamos nos unir, precisamos confiar e sobretudo incentivar umas as outras”, finaliza.

Leia mais: Brasil é um dos piores países da América Latina quando o tema é direitos políticos das mulheres

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