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Entenda o motivos que levaram à anulação de dois estudos sobre cloroquina

Publicadas na Lancet e no New England Journal of Medicine, as pesquisas eram consideradas as maiores sobre o assunto até o momento

(Foto: George Frey/Reuters)

Dois grandes estudos científicos que condenavam o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 em respeitadas publicações da área, o periódico médico The Lancet e The New England Journal of Medicine, foram anulados. Após a retratação, a OMS afirmou que vai retomar os trabalhos com o medicamento, que haviam sido interrompidos após essas pesquisas.

Ambos os estudos foram liderados por um professor de Harvard e utilizaram um banco de dados internacional de prontuários de pacientes que poucos especialistas tinham ouvido falar, segundo The New York Times: a empresa Surgisphere, que teria um imenso banco de dados de hospitais. 

Os estudos foram revistos pelos autores, após questionamento de cientistas, que assumiram que não poderiam sustentar suas conclusões. Quando confrontada, a Surgisphere informou que não forneceria informações sobre sua base de dados, alegando violação do acordo de privacidade com os clientes, segundo publicado no Wall Street Journal.

O estudo publicado na Lancet, teria analisado dados de 96 mil pacientes hospitalizados, afirmava que o medicamento representava risco de complicações cardíacas e até de morte no tratamento da covid-19. Esse estudo foi publicado em 22 de maio, chegou a ser corrigido no dia 29, mas foi anulado na última sexta-feira (5).

Já a pesquisa publicada no New England Journal of Medicine demonstrava que pacientes com covid-19 que foram medicados com hidroxicloroquina não apresentaram melhores resultados do que aqueles que não haviam sido tratados com o remédio. Publicado em 7 de maio, teria contado com dados de 1.300 pacientes internados em Nova York.

Quando publicados, ambos os estudos chegaram a ser apontados como maiores análises sobre os efeitos da droga no tratamento da doença.

Críticos do estudo sinalizaram anomalias nas pesquisas, como descobertas não plausíveis que deveriam ter sido detectadas durante o processo de revisão de pares, como a inclusão do registro de um grande número de casos da covid-19 mesmo antes da pandemia, inclusive na África, segundo o New York Times.

Muitos cientistas duvidaram que esse gigantesco banco de dados, oferecidos pela empresa, pudesse existir, e que a coleta de dados em vários continentes não poderia ter sido realizada tão rapidamente, ainda de acordo com a publicação.

A revisão dos pares consiste em uma avaliação feita por especialistas da mesma área de conhecimento que avaliam a metodologia e a conclusão dos artigos científicos. 

O médico Sapan Desai, fundador da Surgisphere, é um dos autores do estudo da Lancet. Alega-se que, além de Desai, os demais autores não sabiam sobre os dados que haviam sido usados na pesquisa. 

Não é a primeira vez que o Lancet retira um estudo publicado. Há 20 anos, o periódico publicou uma pesquisa que associava erroneamente o autismo à vacina tríplice viral (rubéola, caxumba e sarampo), posteriormente cancelada. Mesmo infundada, repercute até hoje nos movimentos antivacina.

R7

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