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Garota de 14 anos é presa após fugir de casamento arranjado, no México

A adolescente não sabia que sua mãe a havia vendido. Ela imaginava que a cerimônia era para sua irmã mais velha

Uma garota de 14 anos foi presa após tentar escapar de um casamento arranjado, em um vilarejo chamado Joya Real, no estado mexicano de Guerrero. Ela foi vendida pela própria mãe por cerca de 9.300 dólares, o que na conversão atual daria quase R$ 53 mil.

De acordo com o Daily Beast, apesar de os casamentos arranjados serem proibidos no México, ela foi detida por policiais comunitários de Joya Real, na semana passada. Estas equipes são formadas por representantes locais, não tendo relação com as polícias federal ou estadual do México. Por isso, a garota foi levada à cadeia mesmo não tendo violado a lei.

A adolescente não sabia que sua mãe a havia vendido até o dia do casamento, que seria na última segunda-feira (29). Ela imaginava que a cerimônia era para sua irmã mais velha. “Por ser menor, ela nunca pensou que a noiva seria ela”, disse Abel Barrera, diretor do Centro de Direitos Humanos Tlachinollan ao periódico.

Além dos mais de 9 mil dólares, a família que comprou o dote da garota concordou em custear toda a festa: contratou uma banca, abateu uma vaca e preparou um banquete. Isso tudo, segundo as estimativas deles, gerou um “prejuízo” de 2.600 dólares – quase R$ 15 mil.

Na madrugada do dia da cerimônia, ela fugiu de casa e se encontrou com um amigo, de 15 anos, para tentar escapar. “Ela simplesmente queria preservar sua liberdade, sua vida e sua segurança”, afirmou Barrera.

Embora ilegais desde 2019 no México, os casamentos arranjados seguem sendo tradição entre famílias que vivem em regiões rurais do país. “Depois que uma menina é comprada, ela é tratada como um objeto pela família que pagou. Tem que trabalhar, cozinhar, limpar. Se arranja um emprego, o salário não é dela, mas do sogro”, contou o diretor.

Ao não aparecer no casamento, a família do noivo pediu para os policiais comunitários encontrarem a garota. Ela foi levada à prisão e ficou durante uma noite presa. Os oficiais locais, inclusive, informaram que ela teria que devolver os US$ 2.600 para ser libertada.

Marina Reyna Aguilar, diretora executiva da Associação Guerrero contra a Violência contra as Mulheres, disse que os policiais comunitários abusaram de seu poder ao normalizar costumes que violam direitos humanos de meninas e mulheres.

Na terça-feira (30) pela manhã, membros do Centro Tlachinollan de Barrera, policiais estaduais e representantes da promotoria local foram a Joya Real para garantir que a menina fosse solta. Ela foi colocada sob custódia protetora no sistema de Desenvolvimento Familiar Completo do México.

O caso foi ainda mais complicado, segundo o advogado Neil Arias Vitino, porque a adolescente falava apenas a língua mixteca Tu’un Savi. “É uma garota monolíngue, analfabeta e que não tem o mínimo de escolaridade. Na maioria do tempo, ficou em silêncio”, disse.

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