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Homem de 87 anos deseja tomar cerveja com parentes no leito de morte

Norbert Schemm, de 87 anos, da cidade americana de Appleton, em Wisconsin, fez um desejo inusitado durante seus últimos momentos de vida. Ele pediu que fossem ao lado de seus entes queridos enquanto tomava uma cerveja.

Ele juntou a família conversou, deu risada, recordou memórias e posou para uma foto, que Tom, um dos filhos de Schemm, compartilhou com o grupo da família no WhatsApp.

Horas depois, quando Schemm morreu, seu neto Adam postou a foto nas redes sociais, e a família se viu arrebatada pelo alto número de internautas que buscaram conforto nessa última imagem.

A foto já registrou mais de 4,5 mil comentários, 31 mil retuítes e 321 mil curtidas apenas no Twitter.

Adam disse: “Meu avô foi relativamente saudável ao longo de sua vida, mas, no domingo da semana passada, no hospital, perceberam que seria o fim. Ele chamou seus netos na segunda-feira. Nós tiramos a foto na noite de terça-feira e, no dia seguinte, ele morreu do câncer de cólon que o havia atingido”.

“Meu pai disse para a gente que o vovô queria uma cerveja e agora, quando olho para essa foto, me dá um consolo.”

“Eu posso dizer que meu avô está sorrindo. Ele está fazendo o que ele queria fazer — foi um momento espontâneo.”

Adam disse que estava hesitante em postar a foto nas redes sociais por causa do contexto, mas decidiu seguir em frente porque era apenas um momento bonito.

“Na verdade, isso nos ajudou com a nossa dor. É reconfortante ver que todos estavam todos juntos em seus momentos finais.”

Ele disse que a família ficou rastreando para ver até onde a imagem tinha viajado e adorou o fato de ela ter sido compartilhada por tantas pessoas.

“(A foto) Parece ter mexido com o senso de comunidade. É claramente um momento com que muitas pessoas se identificam. Os comentários foram muito gentis e vimos fotos de pessoas brindando com copos de cerveja em sua homenagem. Pensei que a foto fosse ser curtida por pessoas que eu conhecia, não tinha ideia de que ela ajudaria tantas pessoas desconhecidas”.

Por que a foto viralizou?

Ann Neumann, autora do livro The Good Death (“A Boa Morte”, em tradução livre), diz: “Viralizou porque é algo que todos nós desejamos. Porque a imagem nos dá a chance de pensar em nossos próprios entes queridos e de se juntar à família Schemm neste momento tão profundo.”

“Mas também nos dá a chance de lamentar com eles. Ao fazer isso, podemos pensar em nossos entes queridos, idosos, doentes e mortos.”

Ela disse que a imagem captura o que todo mundo gostaria em sua última noite — estar cercado por seus entes queridos.

Ela acrescenta: “Poucos de nós sabemos a hora de nossa morte ou têm a presença de espírito para marcá-la dessa maneira. Vivemos vidas distantes, com nossos familiares morando em outros Estados ou países. Existem milhões de histórias de filhos adultos perdendo a morte de seus pais por causa da distância.”

“Há milhões de histórias de um pai prestes a morrer ficando inconsciente nos últimos dias de suas vidas. Perder a chance de dizer adeus é um grande medo humano. A oportunidade de compartilhar esse último encontro raro e bonito viraliza porque é uma versão de um ideal da morte.”

“Se há uma lição nesta foto, ela é sobre valorizar todo o tempo que temos com aqueles que amamos. Tome uma cerveja, dê as mãos, compartilhe histórias. O tempo é finito.”

Por que compartilhamos fotos no leito de morte?

Kenneth Doka, conselheiro sênior de luto da Hospice Foundation of America e ex-presidente do Grupo Internacional de Trabalho sobre Morte e Luto, diz que não há algo especificamente certo a dizer ou fazer quando se trata dos momentos finais de uma vida.

“Acho que o principal é ouvir e quando alguém está morrendo deixe-o compartilhar o momento importante.”

Ele descreveu a foto como uma imagem encantadora e disse não ter ficado surpreso que Adam tenha postado o que poderia ser considerado um momento privado nas redes sociais.

“Sempre usamos a tecnologia para lidar com a morte. Os antigos egípcios usavam pirâmides. O que estamos fazendo agora é adaptar nossos rituais à tecnologia disponível.”

Adam diz que seu avô teria achado a atenção incrível.

“Eu não acho que ele teria se importado. Ele teria rido.”

“Acho que a maior lição a ser aprendida e o que acredito que meu avô diria é ‘seja gentil, ame um ao outro e que a família é o que importa'”.

*Com informações da BBC Brasil

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