[views count="1" print="0"]

Luta e arte: cantoras amazonenses falam sobre o desafio de se firmarem no cenário artístico

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o Portal Tucumã conversou com as cantoras Luanita Rangel, Paula Gomes e Lucilene Castro.
cantoras amazonenses luanita paula e lucilene
cantoras amazonenses luanita paula e lucilene

Luanita Rangel (esquerda), Paula Gomes (centro) e Lucilene Castro (direita). Fotos: Divulgação e Arleison Cruz

No Amazonas, para um artista se consagrar diante da crítica e do público, ele precisa enfrentar diversos desafios até chegar seu objetivo final. Entretanto, o cenário fica mais restrito para às mulheres.

Em uma área praticamente dominada por homens, elas encaram a difícil missão de conquistar o prestígio na cultura local.

Pensando nisso, o Portal Tucumã conversou com as cantoras Lucilene Castro, Paula Gomes e Luanita Rangel para falarem sobre suas experiências no cenário da música da amazonense.

Humildemente eu saúdo meu povo e peço passagem à mulher brasileira!

Paixão que surgiu na infância

Em 25 anos de carreira, Lucilene Castro consolidou seu talento no cenário da música amazonense e é considerada por muitas pessoas uma das melhores cantoras da cultura local.

Nascida e criada em Manaus, Lucilene descobriu sua habilidade com a música ainda criança, principalmente na escola.

“Desde pequena sempre gostei de música, sempre fui envolvida com música e teatro, principalmente na escola. A gente vai crescendo e conhece pessoas com a mesma afinidade com música. Participei do coral do Instituto Federal do Amazonas (Ifam). Quando fiquei adulta resolvi seguir a minha carreira artística”, relembra Lucilene.

Lucilene Castro gravou oito discos durante sua careira. Foto: Divulgação

Lucilene Castro disse que iniciou sua carreira profissional cantando em bares, restaurantes e bailes da capital amazonense. Com oito discos em seu currículo, ela faz mistura com diversos ritmos musicais, todos eles abordando sobre a temática amazônica.

Perguntada sobre o preconceito com as mulheres no cenário da música, Lucilene disse que nunca se importou e que seu foco é apenas seu trabalho.

“Se alguém tinha algum preconceito com relação ao meu trabalho ou pelo fato de ser mulher, nunca dei a menor confiança. Fiquei muito focada naquilo que acreditava e dei seguimento no meu objetivo. As pessoas são meio cruéis quando surge uma nova artista, rola algum tipo de ciúme, mas nunca me deixei abater diante disso”, contou.

Atualmente Lucilene Castro dá continuidade em sua carreira solo. Ela também participa do projeto ‘Elas Cantam Samba’ ao lado de artistas como Márcia Siqueira, Cinara Nery e Fátima Silva.

Inspiração em Arlindo Júnior

Manauara da gema, como diz o dialeto local, a cantora Luanita Rangel revela que sua paixão por música começou ainda infância, mas por um motivo bem especial. A década de 1990 foi considerada a explosão da toada em Manaus.

Nessa mesma época, Luanita acompanhava os trabalhos do saudoso Arlindo Júnior, o inesquecível “Pop da Selva”. Aos poucos foi lapidando seu talento como cantora e hoje ela ensina muitos artistas que desejam iniciar uma carreira artística na capital amazonense.

“Quando criança ouvia as toadas na voz do Arlindo e já sabia que queria ser cantora do gênero. Comecei ainda aos 8 anos cantando em igrejas e aos 14, me tornei backing vocal de boi bumbá, além de cantora solo em bandas de baile locais. Aos 16, entrei para a banda do Pop e desde então, não parei mais. Estudei música e hoje, sou professora de canto e técnica vocal”, contou Luanita.

A imagem pode conter: 1 pessoa, sorrindo, close-up
Luanita Rangel divide sua paixão entre a música e a medicina veterinária. Foto: Reprodução/Facebook

Luanita Rangel é considerada uma artista versátil, ela consegue navegar em diversos estilos musicais. Além da toada, ela interpreta samba, MPB, ópera e músicas das animações clássicas da Disney.

Perguntada sobre sua primeira apresentação como cantora, Luanita diz “foi uma experiência linda, que me mostrou o quanto a música é capaz de provocar mudanças importantes na vida e que me ajudou e ajuda até hoje”. Ela conclui dizendo que o palco é sua “segunda casa”.

Ela revelou que já levou seu talento para cidades como Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. Foi convidada para cantar em outros países, mas devido alguns impasses, não conseguiu cumprir esse objetivo.

A cantora disse que enfrenta preconceito, mas disse que não costuma absorver nenhum tipo de negatividade. Para ela, o importante é respeitar a opinião alheia. “O preconceito é comum, mas não absorvo negatividade, por isso não me ofendo. É importante também saber respeitar a opinião alheia, de maneira saudável, sem violência moral. Manter o foco e curtir o que a música proporciona, é a melhor resposta”, comentou.

Luanita Rangel atua como backing vocal em diversos locais na capital amazonense, além de participar dos shows do cantor James Rios e dos eventos oficiais do Boi Caprichoso.

Assédio e superação

Revelação da música amazonense, a cantora Paula Gomes, natural de Parintins, chama atenção não só pelo seu talento, mas também pela sua beleza.

A exemplo de Lucilene Castro e Luanita Rangel, a jovem Paula Gomes descobriu sua habilidade como cantora ainda na infância. “Comecei cantado na igreja com oito a nove anos de idade. Aos poucos fui me aprimorando e adquirindo novas experiências”, disse Paula.

Paula explora todas as vertentes musicais, que vai do MPB ao sertanejo. Sua primeira experiência profissional foi com a banda Kontra Tempo, em Parintins.

A imagem pode conter: Paula Gomes, close-up
Paula Gomes é um grande exemplo de beleza da mulher negra. Foto: Reprodução/Facebook

Ela relata que sempre sofreu preconceito, principalmente por causa de seu cabelo. Porém, um caso de assédio sexual quase interrompeu sua carreira artística. Ao término de uma apresentação, Paula foi assediada por um homem, aparentemente embriagado, dentro do banheiro.

“Estava em um aniversário, eu entrei no banheiro pra enxugar meu rosto, ele entrou também, começou a me agarrar. Fiquei muito nervosa, comecei a chamar pelos meus amigos da banda. Ele me pediu desculpas, mas não consegui esquecer essa experiência. Tomei a decisão que não ia mais sair sozinha e muito menos cantar”, revelou.

Paula conseguiu superar o caso de assédio graças ao apoio de amigos e familiares, sucessivamente, retornando aos palcos da Ilha Tupinambarana.

Em 2019 participou da apresentação do Boi Caprichoso como uma das cantoras principais. Segundo ela, foi uma emoção indescritível e que “vai carregar para sempre” na sua vida.

Atualmente Paula Gomes continua sua trajetória artística em Parintins cantando em aniversários, formaturas e casamentos, e é levantadora de toadas oficial do boi azul.

Homenagem

O Portal Tucumã, em nome de toda sua equipe, parabeniza e reconhece todas as mulheres do Amazonas, do Brasil e do mundo. Jamais percam a essência e a alegria de viver.

Por João Paulo Castro

Tags:
Compartilhar Post:
Especial Publicitário