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Mulher morta após reação a tinta de cabelo sabia do risco, diz amiga

Em Goiás, auxiliar administrativa já havia recebido alerta de médicos para evitar procedimento no cabelo, diz amiga

Goiânia – A mulher que morreu em Goiás após ter uma reação alérgica grave a tinta de cabelo havia recebido de médicos o alerta de que não poderia pintar os fios, contou uma amiga à reportagem. A auxiliar administrativa Karine de Oliveira Souza, de 34 anos, teve morte cerebral confirmada três dias depois do procedimento.

A Santa Casa de Catalão, onde a mulher morreu após ficar internada, a 260 quilômetros de Goiânia, liberou nesta segunda-feira (15/2) o corpo dela para o Instituto Médico Legal (IML). Ela ficou internada na unidade de terapia intensiva (UTI) do hospital, em estado gravíssimo.

“Aconteceu essa fatalidade, e a gente tenta encontrar um culpado para isso, mas não tem. Ela foi responsável por ter feito isso porque ela sabia que poderia acontecer de novo”, afirmou a auxiliar administrativa Thais da Costa Tomé, de 30, amiga de Karine havia nove anos.

De acordo com Thais, Karine era muito preocupada com a autoimagem. “Era muto vaidosa. Para ela, os fios brancos eram a morte”, afirma, reforçando que o desejo da mulher era manter os cabelos pretos.

Asmática e alérgica

Thais conta que Karine era asmática e começou a apresentar a alergia há cerca de quatro anos. “Ela pintava o cabelo, ficava melando a cabeça”, diz.

Na época, segundo a amiga, a mulher recebeu de um dermatologista a recomendação para não fazer mais o procedimento. Ficou seis meses sem pôr tinta nos fios e só melhorou depois de tomar medicamentos.

No entanto, Karine não seguiu a recomendação médica e precisou ser socorrida, às pressas, no dia 9 de dezembro de 2020, em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), logo após ter forte reação alérgica a uma tinta que aplicou no cabelo em casa.

Passados 25 dias, Karine não desistiu da ideia de manter os cabelos sem fios brancos e avisou a amiga que havia comprado uma tinta importada antialérgica. Durante todo o procedimento, que durou 1h30, as duas ficaram conectadas por chamada de vídeo, para que houvesse socorro em caso de nova reação alérgica, o que não ocorreu.

“A tinta importada amenizava a reação, mas, mesmo assim, ela ficava avermelhada e se coçava”, diz Thais, que mantinha amizade muito próxima e intensa com Karine.

“Tudo muito rápido”

A amiga também relata que, na quarta-feira (10/2), recebeu novo recado de Karine dizendo que pintaria o cabelo com a mesma tinta importada que comprou, mas, conforme destaca, não avisou à cabeleireira sobre seu histórico de reação alérgica.

A mulher pediu à amiga para ficar atenta, com telefone celular ligado e não deixá-lo no silencioso, já que, do salão de beleza, ligaria para pedir socorro, caso precisasse. “A Karine estava ciente da alergia. Estava com medo de pintar o cabelo. Ela mandou mensagem para a minha mãe nesse mesmo dia”, acrescenta.

Foi tudo muito rápido. De acordo com Thais, Karine chegou ao salão de beleza às 18h15 de quarta-feira. Às 19h06, a cabeleireira mandou mensagem para a amiga avisando que a mulher estava desacordada no local. A ocorrência do Corpo de Bombeiros foi registrada às 18h40.

“Quando terminou de passar a tinta na raiz, ela pediu para a cabeleireira lavar, porque estava com coceira nas mãos e no couro cabeludo. Mesmo lavando o cabelo rapidamente, ela desacordou. Foi muito rápido, foi um choque anafilático mesmo”, conta Thais.

De acordo com a amiga, a situação foi muito “traumatizante”, porque, acrescenta, a cabeleireira tinha muito carinho por Karine. “Eu sei que a vontade dela era ficar com cabelo preto, mas não era morrer”, emenda.

Ela teve choque anafilático, parada cardiorrespiratória, infarto e, consequentemente, morte encefálica.

Apesar de a família ter autorizado, a doação de órgãos da mulher não foi realizada, como mostrou o Metrópoles em primeira mão, por causa de complicações no organismo. Inicialmente, a Santa Casa informou que iriam ser doados coração, pulmão, rins e fígado.

História de vida

Solteira e sem filhos, Karine comentou há duas semanas com um amigo sobre o seu desejo de doar órgãos e havia exposto a vontade a outras pessoas. Era muito vaidosa e se preocupava bastante com os longos cabelos pretos cacheados.

“Super alto astral, divertida, feliz, intensa e de personalidade forte”, como é lembrada por amigos, Karine mudou-se de São Paulo, onde nasceu, para Araguari, a 570 quilômetros de Belo Horizonte, ainda adolescente, antes de se fixar em Catalão, no sudoeste goiano.

Há oito anos, trabalhava de auxiliar administrativa em uma empresa de contêineres. Acordava às 6h30, tomava banho e, uma hora depois, saía para trabalhar. Focada, almoçava na próprio emprego, onde encerrava seu expediente às 17h40.

O sonho dela era o mesmo da maioria dos brasileiros: comprar a casa própria. Em Catalão, morava sozinha, mas era bastante conhecida e se relacionava bem com as pessoas.

Todos os dias, antes de voltar para casa, a mulher mantinha o seu compromisso de lanchar com a mãe de sua amiga, cuja família a tratava como filha.

A mãe de Karine morreu quando ela ainda era adolescente, e o pai mora em São Paulo. Em Catalão, os amigos eram sua família. Ela mantinha contato com o irmão gêmeo, que, tomado por sentimento de desolação, se deslocou de Araguari para liberar o corpo da irmã na cidade goiana.

Investigação

A Polícia Civil colheu depoimentos, na manhã desta segunda-feira, da proprietária do salão de beleza, que também era amiga de Karine.

A delegacia da cidade fez contato com o médico que acompanhava o caso e solicitou exame cadavérico ao IML para esclarecer a causa da morte.

*Fonte: Metrópoles

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