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‘O álcool me quebrou de todos os jeitos, do emocional ao financeiro’, relata membro de Alcoólicos Anônimos em Manaus

Ele relatou ao Portal Tucumã que não consome bebida alcoólica desde 2005 e participa de um grupo no bairro Flores, zona Centro-Sul de Manaus
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Manaus – O Brasil lembra nesta quinta-feira (18) o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, a data é usada como um momento de conscientização sobre os prejuízos causados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

Alcoolismo é considerado uma dependência, considerada doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A pessoa dependente do álcool, pode prejudicar a sua própria vida, afeta sua família, amigos e colegas de trabalho.

Pensando nisso, o Portal Tucumã conversou com um membro de Alcoólicos Anônimos, uma irmandade que trabalha em prol da recuperação das pessoas que desejam parar de beber. No entanto, para manter sigilo do entrevistado, a reportagem vai chama-lo de “Cacá”, que tem 54 anos, residente na zona Norte de Manaus.

Durante a entrevista ele afirmou que não consome bebidas alcoólicas desde 2005, mas ele não esquece o passado vivido desde a adolescência. Ele disse que quase perdeu sua vida para o álcool.

“Eu comecei a ingerir bebida alcoólica com aproximadamente 15 anos de idade. Tive muitas derrotas na minha vida. Parei de estudar, tenho apenas o ensino médio. Foram grandes decadências que foram evoluindo ao longo dos anos. Apanhei muito na rua, não ganhei nada com isso”, disse.

Por muitos anos “Cacá” se aventurou nas ruas de Manaus sob efeito de bebidas alcoólicas, chegando a ser preso pelo fato de causar tumultos em alguns estabelecimentos comerciais. Ele relembra quando foi expulso da casa de sua mãe por conta do álcool.

“São várias lembranças, mas eu lembro muito quando minha saudosa mãe me expulsou de casa. O álcool me quebrou de todos os jeitos, do emocional ao financeiro. Isso me marcou muito. Eu pedia a bênção e ela virava as costas para mim”, conta.

Mudança de vida

Com o passar dos anos “Cacá” ia consumindo bebidas alcoólicas várias vezes. Diante do impacto em sua vida, ele decidiu parar de beber quando vendeu um vídeo cassete e um aparelho de DVD para pagar uma corrida de táxi do Centro até a zona Norte de Manaus.

“A minha última bebedeira foi em 2004. Quando eu cheguei em casa combinei com o taxista que eu ia vender o vídeo cassete e o DVD. Novamente a minha mãe ficou sem falar comigo, quase não respondia nada. Eu recebi a ligação de uma pessoa e ela me falou sobre Alcoólicos Anônimos. A minha ideia era passar três meses no grupo e depois voltar a beber, mas estou sóbrio há 16 anos”, explica.

A sobriedade fez com que “Cacá” valorizasse ainda mais a sua família – Foto: Reprodução

Ele deixou um recado àquelas pessoas que desejam parar de consumir bebida alcoólica e cobrou fiscalização nos estabelecimentos comerciais sobre a venda do produto para menores de idade.

“Você não pode ir para Alcoólicos Anônimos para agradar a família. Eu digo que funciona e basta ter vontade. Gostaria muito que o alcoolismo fosse visto com mais atenção pelos órgãos de saúde do Amazonas. Além disso, também cobro as autoridades de fiscalização se atentarem nos estabelecimentos comerciais vendendo bebida para menores de idade. O alcoolismo é uma doença e não é brincadeira”, conclui.

O grupo frequentado por “Cacá” fica localizado na avenida Constantino Nery, bairro Flores, zona Centro-Sul de Manaus, dentro da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligorio. Quem deseja saber mais informações sobre a programação da irmandade basta entrar em contato pelo número (92) 99487-1883.

Consequência

De acordo com um levantamento divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais da metade da população de 12 a 65 anos declarou consumir bebida alcoólica, e o uso vem aumentado durante esse período de pandemia. Uma das hipóteses para isso é que o álcool venha sendo usado como válvula de escape.

A longo prazo, o álcool prejudica todos os órgãos, em especial o fígado, que é responsável pela destruição das substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas pelo corpo durante a digestão. Dessa forma, havendo uma grande dosagem de álcool no sangue, o fígado sofre uma sobrecarga para metabolizá-lo. O álcool no organismo causa inflamações, que podem ser:

  • gastrite, quando ocorre no estômago;
  • hepatite alcoólica, no fígado;
  • pancreatite, no pâncreas;
  • neurite, nos nervos.

O Ministério da Saúde reitera que o álcool oferece uma série de perigos tanto para quem o consome quanto para as pessoas que estão próximas. Grande parte dos acidentes de trânsito, arruaças, comportamentos antissociais, violência doméstica, ruptura de relacionamentos, problemas no trabalho, como alterações na percepção, reação e reflexos, aumentando a chance de acidentes de trabalho, são provenientes do abuso de álcool.

A psicóloga Nazaré Mussa afirmou que a sociedade, de uma certa forma, “incentiva” o consumo da bebida alcoólica, principalmente aos mais jovens.

“A sociedade, de um modo geral, diz que beber socialmente é uma coisa boa, mas não funciona dessa forma. Hoje estamos vendo que o uso de substâncias como o álcool e até mesmo o fumo estão afetando a camada mais jovem da sociedade. É possível notar menores de idade consumindo bebida alcoólica nas festas. Quanto mais cedo começa esse hábito, piores são os prejuízos”, reitera.

Dependendo do caso, Nazaré explica que a pessoa pode pedir ajuda para deixar de consumir bebidas alcoólicas em excesso.

Foto: Reprodução

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