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Rússia ultrapassa China em número de casos da Covid-19

Em comparação, o Brasil tem metade dos casos por milhão e quatro vezes mais mortos na mesma métrica.

A Rússia ultrapassou nesta segunda (27) a China em número de casos de infecção pelo novo coronavírus, ocupando agora o nono lugar entre os países mais atingidos pela pandemia.

O país do presidente Vladimir Putin tem 87.147 casos confirmados, uma incidência de 597 por milhão de habitantes, e um taxa relativamente baixa de mortes -794, ou 5 por milhão. Em comparação, o Brasil tem metade dos casos por milhão e quatro vezes mais mortos na mesma métrica.

O país faz bastante testes: 2,8 milhões até aqui, ou cerca de 20 mil por milhão de habitantes -no Brasil, são meros 1.373 por milhão. Mas a qualidade dos exames tem sido alvo de questionamentos.

A China, país onde o Sars-CoV-2 provocou sua primeira epidemia, entre o fim de 2019 e o começo deste ano, a situação parece mais controlada, a se confiar nas estatísticas divulgadas pela ditadura comunista. Lá só houve três casos novos registrados nesta segunda, elevando o número a 82.830.

Como é o país mais populoso do mundo, com 1,5 bilhão de pessoas, a incidência por milhão de habitantes é de 58 infecções, e a mortalidade, de 3 por milhão, semelhante à russa até aqui.

Na Rússia, o governo enfrentou críticas no começo da crise, que Putin não assumiu como uma emergência nacional rapidamente. Ele delegou ao prefeito de Moscou, Serguei Sobianin, o papel de gestor do problema no país.

Aos poucos, contudo, a realidade se impôs. Todas as 85 unidades da Federação Russa, maior país em extensão do mundo, têm casos da Covid-19 e adotaram restrições ao movimento e ao comércio.

A primeira região a relaxar as regras de quarentena será Kaliningrado, encrave ocidental do país tomado da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.

Lá, o comércio poderá abrir na quarta (29), e serviços como cabeleireiros funcionarão a partir do dia 4, com obrigação do uso de máscaras e distanciamento social.

Apesar da mobilização, há descontentamento com a condução da crise pelo Kremlin. Os protestos em massa que viraram rotina em grandes cidades russas desde 2017 ganharam agora uma versão online.

Em vez de irem às ruas, manifestantes estão deixando marcadores (“pins”) em frente a prédios públicos em aplicativos de mobilidade como o Yandex.Maps e o Yandex.Navigator, equivalentes russos aos serviços da Google.

A principal queixa é econômica, dado que o fechamento dos serviços não essenciais não foi acompanhado por medidas amplas de compensação. Em uma cidade, Vladikavkaz, no Cáucaso, houve uma manifestação pública na semana passada, mas isso por ora é exceção.

Há outros problemas. A capital, Moscou, é a cidade mais afetada pelo vírus, com 45.351 casos. Segundo o site Open Media, independente, enfermeiros do principal hospital que atende doentes com Covid-19, o Kommunarka, estão deixando seus postos por falta de equipamentos de proteção individual.

O local atende hoje 644 pacientes com o vírus, e seu diretor morreu da doença poucas semanas depois de ter sido visitado por Putin, paramentado com roupas de proteção e máscara.

O Kremlin dá um auxílio mensal extra para os trabalhadores que estão lidando com a Covid-19, que pode chegar ao equivalente a R$ 5.500 no caso de médicos.

A crise também atrapalhou planos políticos de Putin, que promoveu neste ano uma mudança constitucional que o permitirá tentar ficar no cargo até 2036. O russo pretendia fazer uma grande celebração dos 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial no próximo dia 9 de maio, mas teve de adiar o evento.

O 1º de maio, outra data tradicional do calendário russo, também não terá os tradicionais desfiles de ativistas ligados ao Partido Comunista, que esteve no poder de 1917 a 1991.

Enquanto isso, Sobianin está implantando o seu sistema de registro digital de todos os cidadãos da capital, que recebem um código QR personalizado. A ideia é controlar o movimento da população para evitar aglomerações, mas por enquanto a iniciativa não deu muito certo.

Circulam por redes sociais imagens de aglomerações na frente de estações de metrô, com apenas um funcionário para escanear com um celular os códigos carregados pelos passageiros. Entidades de direitos humanos também temem que, passada a pandemia, o controle seja mantido de forma a tolher liberdades individuais.

Folha Press

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