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Saiba tudo sobre a vacina de prevenção contra a covid-19

Especialistas respondem as principais fake news envolvendo as vacinas em produção e alertam para a importância do combate à desinformação

Meses após o início da pandemia que modificou o dia a dia do planeta, muitas perguntas ainda permanecem sem respostas. As vacinas em produção dão esperança, mas também causam aflição em parte da população, apesar de serem fundamentais para que o combate ao novo coronavírus seja efetivo. Segundo levantamento realizado pelo Ibope em agosto deste ano, 1 em cada 4 brasileiros pode não se vacinar contra a covid-19, e cerca de 34% dos entrevistados declararam pelo menos um motivo atrelado à desinformação.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o movimento antivacina como um dos maiores perigos sanitários do mundo e o incluiu no relatório que lista as dez maiores ameaças à saúde global. Outra pesquisa feita pelo grupo União Pró-Vacina (UPVacina), da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, aponta que houve um aumento de 383% em postagens com conteúdo falso ou distorcido sobre vacinas contra a covid-19 no Brasil nos últimos dois meses.

Pensando nisso, o Correio conversou com especialistas para sanar as principais dúvidas sobre o assunto e mostrar o que é verdade e o que é mentira sobre a tão aguardada, e por vezes temida, imunização.

Algumas pessoas acreditam que um tipo específico de vacina contra a covid-19 — as de RNA mensageiro, produzidas pelas empresas Pfizer e Moderna — podem causar alterações no material genético humano. Essa crença, no entanto, não tem nenhum embasamento científico, uma vez que as fórmulas desses medicamentos sequer entram em contato com o nosso DNA.

“Essas vacinas já estão sendo estudadas há um tempo para outras doenças de agentes infecciosos, como o zika e a raiva. Elas consistem no uso de uma fita de RNA mensageiro, ou seja, que carrega uma ‘mensagem’ ou informação de como construir uma proteína. A proteína em questão é a proteína S da espícula do SARS-CoV-2. Ao receber a vacina, esses RNA mensageiros são entregues às células, que, com a instrução dada, produzem a proteína e a apresentam para o nosso sistema imune, que vai ‘treinar’ para reconhecê-la e montar uma resposta especializada para isso”, explica a biomédica e doutora em neurociências Mellanie Fontes-Dutra.

“Não existem comprovações científicas sobre alterações no nosso DNA promovidas por vacinas de RNA. Elas são rapidamente degradadas dentro de nossas células, após a leitura da informação para a construção das proteínas. Outra coisa que deve-se levar em conta são os compartimentos celulares em que o DNA e o RNA encontram-se, que são diferentes. O DNA fica no núcleo, uma região específica dentro da célula que tem uma regulação imensa do que entra e do que sai. Já o RNA mensageiro está no citoplasma, uma região externa ao núcleo”, completa a profissional.

Essa teoria da conspiração ganhou força após o cofundador da empresa Microsoft Bill Gates declarar em uma entrevista que, eventualmente, “teremos alguns certificados digitais” para identificar quem se recuperou da covid-19, foi testado ou que recebeu a vacina, sem qualquer menção a microchips. A afirmação, contudo, foi suficiente para que uma série de boatos começassem a se espalhar pela internet e dessem origem à falsa notícia de que Gates planejava implantar microchips de rastreamento na população mundial.

Um argumento que tenta sustentar essa teoria faz referência a um estudo, financiado pela fundação do empresário, sobre uma “tinta invisível” que poderia ser aplicada na pele para identificar aqueles que já se vacinaram contra o coronavírus. O projeto funcionaria como um registro de vacinação, mas não teria tecnologia para permitir o rastreamento de pessoas, nem a inclusão de informações em banco de dados para vigilância.

Esse rumor afirma que algumas vacinas contra a covid-19 utilizam tecidos celulares de fetos abortados ou de tumores em suas formulações. A informação, porém, é falsa.

“As vacinas nunca trouxeram em suas composições resíduos de fetos abortados e tumores, muito menos agora que a ciência desenvolveu tecnologias cada vez mais de ponta e super atuais, com a máxima intenção de preservar vidas”, pontua o professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Wildo Navegantes de Araújo. “São tecnologicamente avançadas e inertes ao corpo humano”, acrescenta.

Em 1998, um médico britânico chamado Andrew Wakefield publicou um estudo desenvolvido por ele no qual afirmava que o autismo em crianças poderia ser causado pela vacina tríplice viral. No entanto, vários estudos realizados posteriormente a esta publicação comprovaram que as conclusões feitas por Wakefield estavam completamente erradas. O artigo foi retirado de circulação e, além disso, o médico perdeu seu registro profissional e foi culpado por má conduta ética, médica e científica. Na época, foi comprovado também, no tribunal, que havia conflitos de interesse envolvidos na pesquisa.

“Essa foi a primeira grande fake news envolvendo vacinas. O profissional que disseminou essa informação falsa teve que se retratar e perdeu o registro profissional dele. Devido à gravidade, até hoje sofremos as consequências disso. Foi realizado um estudo muito sério na Dinamarca com mais de 600 mil crianças, em uma avaliação bastante aprofundada, onde se descartou realmente essa associação entre as vacinas e o autismo”, conta a médica

Com informações do Correio Braziliense.

Foto: Reprodução

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