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Voos de fora podem explicar alta de casos de covid-19 no Ceará

Fortaleza é hub de duas companhias aéreas internacionais.

Com 2,4 milhões de habitantes, a capital cearense se consolidou como a terceira do país em casos confirmados do novo coronavírus, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Duas hipóteses são citadas pelo governo cearense e por profissionais de saúde para a alta de casos: o boom de testes para detectar casos da doença e a concentração de voos europeus -desde meados de 2018, Fortaleza é hub de duas companhias aéreas internacionais.

Até esta segunda (30), o Ministério da Saúde confirmou 372 pessoas com o novo coronavírus no Ceará -a pasta não detalha dados por cidade, mas, até domingo (29), o governo estadual contabilizava 338 confirmações em Fortaleza.

O país registra mais de 150 mortos pela Covid-19 e, aproximadamente, 4,6 mil casos confirmados da doença, segundo último balanço do Ministério da Saúde, divulgado na tarde desta segunda-feira (30).Cinco pessoas morreram no Ceará, todas na capital. Entre os primeiros casos notificados havia um turista de São Paulo, que não se sabe se foi contaminado na capital paulista ou já em território cearense. Houve também o caso de outro turista, de Minas Gerais.

A Secretaria de Saúde do Ceará informou que não há relato de estrangeiros entre os casos confirmados.Fortaleza começou a testar para o novo coronavírus antes ainda do primeiro caso no estado, em 15 de março. “O estado adotou como medida testar o máximo possível a população. Somos também um dos quatro estados do país com maior fluxo de passageiros internacionais, com voos da Europa e dos Estados Unidos, por isso temos mais casos do que outro estados”, disse o governador Camilo Santana (PT) em uma rede social no fim da semana passada.

O governo adquiriu 5.000 kits para testes do novo coronavírus no fim de fevereiro. Até agora, segundo dados estaduais, foram realizados 4.664 testes, sendo 3.805 em laboratório do governo e 859 em particulares. Destes, 1.854 ainda aguardam o resultado.

Há uma semana o estado adquiriu outros 350 mil testes rápidos, que devem começar a ser usados ainda esta semana. Apesar da grande quantidade de testes, algumas cidades ainda aguardam até 17 dias para receberem os resultados.

A diferença entre os números do Ceará e dos outros estados nordestinos está justamente em ter começado a testar antes, diz o infectologista Bruno Rodrigues, do Hospital Walter Cantídio, da UFC (Universidade Federal do Ceará).”Teve apoio de um laboratório particular, que já havia comprado testes se preparando para o que poderia acontecer.

O Ceará testou muito, por isso os números por aqui hoje são maiores que em outras cidades. Acho que, com o tempo, Salvador e Recife devem apresentar números mais próximos de casos.”Outro fator apontado é o aéreo. Fortaleza recebe semanalmente 48 voos internacionais.

Há, hoje, voo diretos para cidades como Paris, Madri, Miami e Amsterdã, acréscimo feito principalmente com a escolha da cidade em meados de 2018 como hub das empresas KLM e Air France.”Os primeiros casos notificados foram de pessoas de classe média mais alta, que viajam muito. Essas pessoas foram à rede privada e já estava se testando bastante no estado, por isso os casos aqui são mais numerosos do que em outras cidades do Nordeste, por exemplo”, disse o traumatologista Rodrigo Astolfi, que atua em três hospitais envolvidos no atendimento de casos suspeitos e que se deparou com esse perfil de paciente.

Folha Press

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